COMISSÃO DE OBRAS, TRANSPORTE E SERVIÇOS PÚBLICOS

Vereador acompanha dificuldades
dos usuários de transporte público

O vereador Rodrigo Manga (PP), presidente da Comissão de Obras, Transporte e Serviços Públicos acompanhou, no final da tarde desta quarta-feira (1º), as dificuldades dos usuários do transporte público de Sorocaba. Manga pegou o ônibus da linha 62 - Parque São Bento, no primeiro ponto da rua Hermelino Matarazzo, altura do número 412. Esta linha é uma das várias com alto índice de reclamações, principalmente pela lotação nos horários de pico.

A principal reclamação dos munícipes que dependem do transporte público da cidade, principalmente para trabalhar todos os dias, é a dificuldade para chegar ao local de trabalho e voltar para a casa no final do expediente. A dificuldade aumenta quando os usuários têm alguma deficiência física ou visual.

Munícipes pedem que tenha mais ônibus, pois muitos ficam esperando passar um, dois ou até três para conseguir chegar ao destino, já que estão sempre lotados. Alguns entram no veículo pelas portas traseiras e ficam na escada, correndo perigo, o que não deveria ocorrer. Outra solução apontada pelos próprios usuários é o "linhão", ônibus que faça somente embarque até entrar no bairro, assim não lota de pessoas que vão descer na avenida Ipanema.  "Como se não bastasse trabalhar o dia todo, todos os dias, ainda têm de enfrentar ônibus lotado entre outros obstáculos. Problemas esses que poderiam ser resolvidos colocando mais ônibus nas linhas nos horários de pico da manhã e tarde", afirmou o vereador.

As pessoas cegas e com baixa visão dependem de terceiros para identificar ruas, endereços, itinerários de ônibus, avisos, obstáculos e outras referências visuais. Transitam com dificuldade por vias públicas em geral e ficam expostas a constantes situações de risco. A bengala é um recurso indispensável para a locomoção de pessoas cegas. No entanto, seu uso não dispensa a colaboração de eventuais guias humanos ou informantes, ainda que seja apenas para atravessar ruas, parar o ônibus, prevenir acidentes ocasionais ou, simplesmente, facilitar o acesso, principalmente, porque muitas vezes não há acessibilidade para as pessoas com deficiência visual.
As barreiras percebidas, no transporte, nas ruas e vias públicas em geral, tornam o espaço urbano intransitável para qualquer pessoa e inacessível para as que têm dificuldade de locomoção ou mobilidade reduzida. Estes problemas fazem da locomoção dos deficientes visuais uma verdadeira aventura pela cidade, tornando as atividades que poderiam ser muito simples, algo complexo que atrapalha de modo significativo o nosso direito de ir e vir.

O deficiente visual Carlos Alberto Bueno Tomanik, 52 anos, nasceu cego e, por isso, já está acostumado a se locomover pelas ruas da cidade. Mas, isso não significa que ele não tenha dificuldades. Carlos Alberto sai de sua casa, no Jardim São Guilherme, todas as manhãs e usa o transporte público para se dirigir ao trabalho no Alto da Boa Vista. As dificuldades começam já ao sair de sua casa.

As calçadas em mal estado de conservação, esburacadas e sem piso tátil deixam o trajeto complicado. Os semáforos não possuem sinal sonoro e, para ele atravessar as vias, ele presta bem atenção ao barulho dos veículos e quando este barulho diminui, ele prevê que pararam porque o sinal fechou.

Para pegar o ônibus ele depende das pessoas que estão no ponto e se não tiver ninguém, acaba perdendo. Para descer no ponto de destino, outra dificuldade, ele se concentra no trajeto para deduzir que chegou ao seu ponto e também pede para alguém avisar quando estiver chegando.

No terminal, outras dificuldades aparecem, pois também não tem piso tátil e os acessos sem escada são desnivelados, o que pode provocar quedas. Outros obstáculos são obter informações, o itinerário e o anúncio das paradas; na entrada dos transportes; acesso ao transporte, degraus e assentos sempre ocupados; arquitetura interna dos ônibus e superlotação; descer do ônibus é um perigo constante; pessoas que trabalham com transporte coletivo pouco preparadas para lidar com portadores de deficiência, qualquer que seja a deficiência.

"São muitas as dificuldades no transporte público e também da cidade em si para os deficientes, desde falta de sinal sonoro no ônibus, nos semáforos, nos pontos de parada dos ônibus, obstáculos nas ruas como calçadas quebradas, sem piso tátil. A gente é que tem que se adaptar aos obstáculos na cidade, isso não tá certo", desabafou Carlos Alberto.    

Para o cadeirante Magno Donizetti de Oliveira, as dificuldades também são grandes, desde pegar ônibus como transitar pelas ruas da cidade. Para pegar ônibus, uma das principais reivindicações dele é um ônibus com lugar para pelo menos dois cadeirantes. "Se sou casado com uma cadeirante não podemos pegar o mesmo ônibus, isso é um absurdo."

Ele reclama ainda do piso do terminal Santo Antônio, as rampas são desniveladas, o que torna impossível a passagem dos cadeirantes e do elevador dos ônibus que na maioria das vezes emperra e já presenciou muitos motoristas fazendo funcionar aos pontapés. Outra reclamação é em relação às rampas de acesso aos deficientes nas calçadas novas nas adjacências do Terminal Santo Antônio. "Até parece que o município não tem um engenheiro, tudo é feito sem nenhuma noção. Se o cadeirante tenta subir a rampa acaba caindo. Como isso pode acontecer," indaga ele, indignado com a situação.

O vereador Rodrigo Manga constatou que alguns dos problemas têm simples e imediata solução, depende somente da força de vontade do Poder Público. Depois do percurso de ônibus, que durou 50 minutos, ele disse que o próximo passo será marcar uma reunião com o presidente da Urbes para discutir as soluções dos problemas enfrentados pelos usuários do transporte público. "Estamos apenas começando os trabalhos, muito há que ser feito, mas percebo que dá para tomar iniciativas imediatas que já vão resolver parte dos problemas e é isso que espero que aconteça já nos próximos dias", disse Manga.