DE MÃOS DADAS CONTRA AS DROGAS

 Audiência pública discute ações de
enfrentamento à dependência química

* Manga comandará um grupo de ação que trabalhará unido no combate às drogas

O vereador Rodrigo Manga (PP) presidiu nesta sexta-feira (26) a audiência pública "De Mãos Dadas Contra As Drogas" para discutir ações de enfrentamento à dependência química. Entre as pautas,  foram discutidas ações de combate e prevenção ao uso de drogas e os serviços públicos oferecidos aos dependentes químicos em Sorocaba, como o tratamento de crianças e adolescentes que se envolvem com drogas. Um dos principais pontos da audiência foi o destaque da importância da intersetoriedade das secretarias municipais, com a participação dos agentes sociais, incluindo as organizações e associações que desenvolvem ações para, juntos, combaterem o problema em toda sua complexidade. O vereador se comprometeu em encaminhar ofícios aos representantes de entidades afim de criar um grupo de ação, inclusive com visitas às minicracolândias. "Vamos formar um grupo para trabalhar unido para minimizar a dor das famílias. Vamos sair às ruas, visitar escolas, desenvolver ações de combate às drogas", destacou Manga.  

A audiência reuniu autoridades, profissionais de saúde e representantes de ONGS, associações e centros terapêuticos, além da comunidade. Contou ainda com a presença da vice-prefeita e secretária de Desenvolvimento Social, Edith Di Giorgi, do secretário de Saúde, Francisco Fernandes, e dos vereadores Luís Santos (Pros), Carlos Leite (PT), Fernando Dini (PMDB), Izídio de Brito (PT) e José Crespo (DEM).

A secretária Edith abriu as manifestações e falou sobre o radicalismo das posições e o preconceito vistos atualmente, destacando a importância da união e convergência. “O que temos em comum é que todos estamos pensando em estratégias e soluções para ajudar essas pessoas a viverem melhor e a conviver com as demais.”, disse.

O secretário de Saúde ressaltou que o problema atinge a área social e da saúde e defendeu medidas enérgicas, mas com sensibilidade com as pessoas afetadas, apoiando os usuários e suas famílias. O médico afirmou que a Prefeitura está no momento montando uma rede de assistência à saúde mental, que inclui foco na área de álcool e drogas. Fernandes admitiu que há deficiência no município. "Estamos tentando colocar Sorocaba no trilho da Saúde, temos muitos desafios a enfrentar. Claro que nosso objetivo é ter um local para o tratamento de dependentes químicos, mas não temos varinha mágica para fazer isso de imediato, faltam recursos", finalizou.

Já  a coordenadora de Saúde Mental, Mirsa Elizabeth Delossi explicou que a questão deve ser intersetorial e que o Plano Municipal de Saúde já estabelece a Rede de Atenção Psicossocial, sendo que a cidade possui hoje dois Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas 24 horas, com proposta de um terceiro e de um específico para o público infanto-juvenil. Mirsa falou sobre a importância da abordagem humanitária, do modelo comunitário e não exclusivo, e explicou o funcionamento do Consultório na Rua e destacou a parceria com o projeto estadual “Craque é possível vencer”, onde foram capacitados 119 agentes de saúde e técnicos de enfermagem treinados para ir até os usuários, priorizando o caminho do cuidado integral.

Falou ainda sobre a complexidade da internação compulsória e sobre o programa de Redução de Danos. Sobre o planejamento da secretaria, afirmou que a intenção é que cada região da cidade tenha um CAPSs 24 horas para adultos e crianças, além dos leitos na Santa Casa deve chegar a 16 até 2016 e das 43 as residências terapêuticas previstas.

POLÍCIAS - O capitão Sidney Vieira, coordenador do Proerd -  Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência, trouxe dados de 2014 e falou sobre os projetos preventivos desenvolvidos pela Polícia Militar. Segundo o capitão, no ano passado foram presas 380 pessoas relacionadas a crimes de drogas e outras 180 crianças e adolescentes, sendo apreendidas mais de 75 toneladas de drogas. “A polícia está fazendo seu papel, mas sabemos que apenas a área repressiva não resolve o problema, precisamos de todos os agentes sociais para colaborar. Além do Proerd e palestras voltadas ao público adulto, a PM de Sorocaba desenvolve atualmente o programa Jovens Brasileiros em Ação – JBA. Pioneira na aplicação do programa, Sorocaba dev
e se tornar pólo formador de policiais que atuem no JBA.


O delegado assistente da Dise (Delegacia de Investigação Sobre Entorpecentes), Rodrigo Aires, falou sobre o trabalho de inteligência da Polícia Civil e falou sobre a nova atuação de inteligência policial na área, não apenas da repressão, mas também preventiva. Ezequiel de Souza Oliveira, subcomandante da Guarda Civil Municipal, falou sobre a importância da participação da população. Ezequiel contou casos presenciados pelos guardas e afirmou que em 2014 foram apreendidos 268 adolescentes e detidos 224 maiores por envolvimento ao tráfico.

 
QUESTIONAMENTOS  - Manga elogiou a atuação dos CAPSs, mas ressaltou que a dificuldade enfrentada é quando o encaminhamento é pela internação. O vereador Carlos Leite quis saber se há leitos ociosos no CAPSs III e a equipe disse que não são leitos psiquiátricos, apenas para acolhimento noturno, que não precisam estar completamente lotados, pois são destinados apenas para acolhimento de crise.

Dini enalteceu o trabalho da polícia, GCM, do conselho tutelar, da Prefeitura e também do vereador Manga, mas também enfatizou que a sociedade está perdendo para as drogas. “Estamos perdendo para a droga e a culpa é de todos nós, no entanto, agora estamos abrindo os olhos e percebendo que somos todos somos vítimas, não só os usuários. Precisamos enfrentar as drogas de frente”, afirmou. Crespo disse que o debate girou no campo conceitual, o que não traz controvérsias, mas não deve acabar nesse sentido e sim no estabelecimento de políticas públicas, com uma força tarefa operacional, que traz os resultados efetivos. O vereador cobrou atitudes e responsabilidades de cada um dos agentes com prazo para que se possa cobrar soluções.

Familiares e ex-usuários presentes na audiência pública deram depoimentos emocionantes e pediram ajuda das autoridades. A coordenadora se comprometeu a fazer o encaminhamento de cada um dos casos após a reunião.

Em seguida, entidades como a Lua Nova, a Igreja Céu Sagrado, Grupo de Apoio da Igreja Renascer em Cristo, Grasa (Grupo de Apoio Santo Antonio), Associação Pode Crer e Guarda Mirim falaram sobre o trabalho voluntário desenvolvido com os dependentes, assim como o representante da Santa Casa.