Bruno, 43 anos, ex-sargento da Marinha do Brasil, está entre os dependentes químicos que vivem hoje em uma das 49 minicracolândias, identificadas pela Comissão de Dependência Química da Câmara Municipal, presidida pelo vereador Rodrigo Manga (DEM), que coordenou na manhã desta sexta-feira, 9, uma visita a pontos de consumo de drogas e a locais de tratamento da dependência.
Rodrigo Manga, que também preside o Legislativo, estava acompanhado pelo 1º vice-presidente da Câmara, vereador Irineu Toledo (PRB); pela presidente Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Casa de Leis, vereadora Fernanda Garcia (PSOL); pelo presidente da Comissão de Educação, Pastor Apolo (PSB); pelo vereador Vitão do Cachorrão (PMDB); além de assessores dos vereadores Hudson Pessini (PMDB) e Renan Santos (PCdoB).
Os vereadores saíram em busca de informações atualizadas sobre as minicracolândias, que em 2013 – segundo levantamento da Comissão de Dependência Química da Câmara – eram dez, número que passou para 47 no ano passado e chegou a 49 neste ano. Um fato novo aconteceu depois que a Prefeitura de São Paulo retirou usuários, no fim do mês passado: ao menos 15 usuários migraram de lá para Sorocaba.
A fiscalização – A primeira visita foi a uma minicracolândia nas proximidades do Paço Municipal, onde cerca 25 pessoas consomem vários tipos de drogas, e onde a comissão encontrou o ex-sargento da Marinha, que afirmou estar há três dias sem dormir – sob o efeito do crack. “Meu corpo já não aguenta mais, não quero mais isso para minha vida, preciso de ajuda”, apelou o ex-militar.
Outro frequentador assíduo do local, Sérgio, 24 anos, afirmou que já teve ataques epiléticos devido ao uso do crack e que já foi preso quatro vezes por conta de furtos para manter a droga. Envergonhado, evita retornar a casa da família, e quando não está nos semáforos, volta à minicracolândia.
“O que nos chamou a atenção neste local foi que das dez pessoas com as quais conversamos, quatro disseram estar dispostas a passar por um tratamento de desintoxicação, apesar de nunca terem recebido essa oportunidade”, disse Manga, enfatizando a importância de investimento imediato para resgatar dependentes químicos em Sorocaba, para evitar que situação continue a se agravar e saia totalmente do controle das autoridades.
A comitiva seguiu para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III, na Vila Angélica, onde existe um cadastro com duas mil pessoas – apesar de só estarem em atendimento cerca de 500 pacientes – e apenas dois dos oito leitos disponíveis estavam ocupados, o que para os vereadores, é resultado da falta de comunicação entre a rede de saúde pública do Município.
Do CAPS os vereadores foram até a Santa Casa de Misericórdia, administrada pela Prefeitura, que estava com três dos dez leitos psiquiátricos também reservados a usuários de drogas ocupados. Um dos pacientes – uma adolescente de 16 anos que convive com as drogas desde os nove – passou por diversas internações. Está sem acompanhante, pois não está mais sob guarda dos pais – usuários de drogas – por determinação judicial. Já apresenta problemas mentais por causa do consumo de crack e precisa de tratamento adequado.
O médico Alexandre Quelho, plantonista do setor, trabalha na capital com um dos maiores especialistas em dependência química do país, Dr. Ronaldo Laranjeira, e afirma que casos como o da jovem necessitam de uma estrutura organizada, direcionada aos dependentes químicos, além de defender a internação involuntária, também chamada de compulsória.
Diante da situação observada durante as visitas, os vereadores irão elaborar um relatório que será encaminhado à Prefeitura, ao Ministério Público e ao Governo do Estado.