Pesquisa em 15 escolas aponta que 47% dos jovens estudantes já usaram alguma droga.


Dados iniciais de estudo inédito sobre experimentação de álcool e drogas nas escolas públicas estaduais da região centro-sul de Sorocaba foram apresentados em audiência pública de inciativa do vereador Rodrigo Manga (DEM). Presidente propõe reuniões para elaboração de ações de prevenção que poderão ser implantadas no Município
Uma pesquisa inédita sobre a idade inicial de experimentação de álcool e drogas por crianças e adolescentes realizada em 15 escolas estaduais da região centro-sul de Sorocaba aponta que 47% dos estudantes de 14 a 18 anos ouvidos já experimentaram alguma droga. Os dados levantados pelo grupo Coalizão Sorocaba, com participação de 1632 alunos, foram apresentados durante audiência pública de iniciativa do vereador Rodrigo Manga (DEM) realizada na manhã desta sexta-feira, 9, na Câmara Municipal.
Além de Manga, que presidiu o encontro, a mesa de trabalhos da audiência foi composta pelas seguintes autoridades: dirigente regional de ensino, Marco Aurélio Bugni; coordenadora do Coalizão Sorocaba e diretora técnica de Saúde da Associação de Socorro Imediato a Pessoas com Câncer (Asipeca), Ana Cecília Fogaça; a palestrante Valeria Cristina Antunes Lisboa, e a médica psiquiatra especialista em dependência química Maria Clara Schnaidman Suarez. Também participaram da audiência pública representantes de conselhos municipais, clínicas de reabilitação e demais entidades que atuam na prevenção do uso de álcool e drogas.
Com os dados em mãos, o presidente Manga reforçou a necessidade de união de forças para combater o problema e propôs a realização de reuniões entre o grupo de estudo e os vereadores para elaboração de ações de prevenção a serem apresentadas ao Executivo. Manga abriu a audiência parabenizando o grupo Coalizão Comunitária Sorocaba pela iniciativa e qualidade do estudo, ressaltando a importância da pesquisa. “É preciso evitar e prevenir que nossos adolescentes entrem no mundo das drogas. É uma guerra infelizmente injusta, que tem levado ao aumento das pessoas em situação de rua e ao aumento de pontos de uso de drogas no município. O trabalho de vocês merece o apoio dessa Casa e o aplauso de toda a população”, disse.
Em seguida, o dirigente regional de ensino lembrou que Sorocaba possui 80 escolas estaduais, com 45 mil alunos na idade entre 10 a 18 anos. Disse ainda que o conhecimento das causas que levam os jovens às drogas é fundamental para a rede de educação. “Qualquer campanha de prevenção e educação deve passar obrigatoriamente pelas escolas”, afirmou.
Já a psiquiatra Maria Clara falou sobre a instalação e propostas de atuação do grupo Coalizão, que conta hoje com sete membros. O grupo tem como base as ações da CADCA – Coalizões Comunitárias Antidrogas da América – uma organização não governamental (ONG) nos Estados Unidos que busca a redução sustentável nos índices de abuso de substâncias químicas em níveis populacionais.
PESQUISA – Valéria Cristina Antunes Lisboa apresentou o estudo inicial realizado pelo Grupo Coalizão em parceria com a Diretoria Regional de Ensino, com orientação do CADCA, em 15 escolas estaduais. O mapeamento buscou retratar o momento de experimentação de álcool e drogas por crianças e adolescentes nas escolas de Sorocaba. Além de apontar a idade do primeiro contato, a pesquisa buscou avaliar se esses jovens continuam utilizando drogas, a forma de acesso e como fazem uso dessas substâncias, entre outros pontos.
A pesquisa foi iniciada pela região centro-sul da cidade e será expandida por todo o Município. Foram ouvidos 1632 estudantes de 14 a 18 anos entre os meses de maio a setembro. Dos ouvintes, 47% dizem que já experimentaram alguma droga, com maior prevalência entre 14 a 15 anos, sendo as drogas mais experimentadas o álcool, com 40%, seguido de tabaco, com 22%, narguilé com 26,5%, e maconha, com 22,9%. O motivo que prevalece é a curiosidade, com 37% das respostas. Com relação ao acesso, 27% dizem que os amigos ofereceram, 23% dizem que compraram e 10% afirmam que pediram para alguém comprar.
Entre os 51% dos ouvintes que dizem que nunca experimentaram, a maioria faz parte do grupo que reconhece que o uso pode causar doenças e também quer afirmam ter medo de reprovação ou perda de vínculo com os pais. “Os que têm mais consciência são os que menos usam”, disse a pesquisadora, que reforçou que a intenção a partir de agora partir para a prevenção com base no mapeamento, em parceria com o Poder Público, universidades e toda a sociedade. As ações articuladas propostas incluem intervenções diretamente com o indivíduo e a família, como panfletagem e grupos de orientação; além de intervenções no ambiente e território e ainda alterações de leis e de políticas públicas.
AÇÕES – Sobre a experiência do Estado, o dirigente regional de ensino ressaltou que as escolas de Sorocaba possuem hoje 67 professores mediadores, que trabalham com projeto de prevenção e mediação de conflitos. Marco Aurélio Bugni disse que o programa implantado em 2010 é considerado um avanço, destacando que o próximo passo é a implantação do programa de tutoria em todas as escolas. A psiquiatra Maria Clara sugeriu à coordenadora de Saúde Mental da Prefeitura, Eline Araújo Vitor, que seja ofertada capacitação a todos os professores mediadores de conflitos sobre prevenção às drogas.
Encerrando a audiência, o presidente Rodrigo Manga (DEM), propôs duas reuniões, a primeira entre o Grupo Coalizão e os vereadores para elaboração de propostas de prevenção à experimentação das drogas, com base nos estudos, e outra para apresentação da pesquisa e das ações ao Executivo. Esta segunda reunião deverá contar com a presença de representantes das secretarias municipais de Saúde, Educação e Igualdade e Assistência Social e do Prefeito José Crespo.
A audiência foi transmitida ao vivo pela TV Câmara (Canal 31.3; Canal 6 da NET e Canal 9 da Vivo) e poderá ser vista na íntegra pelo portal da Casa no YouTube.